O ressurgimento do Trance.
Dave Ralph fez carreira como agente de trance music. No começo dos anos 90, Ralph – que agora é um talentoso comprador da Insomniac – trabalhou numa loja de discos em sua cidade natal Liverpool. Fisgado pelo som do trance após ouvir Laurent Garnier tocar “Hardtrance Acperience” do Hardfloor em 1992, Ralph se tornou a porta de entrada para a oferta da trance music.
Naquela era pré internet, os distribuidores de música ligavam para a loja e tocavam para Ralph suas músicas mais novas no telefone, e então ele decidia quantas cópias iria pedir. Em 1996, ele comprou o estoque inteiro de um distribuidor o original de B.B.E. , “Seven Days e Uma Semana”. Sua loja no Reino Unido era a única que o possuía, e fizeram uma fortuna com isso. Ralph deu uma cópia para seu amigo Pete Tong, que a tocou na sexta feira seguinte. “Todo mundo amou”, relembra Ralph.
[youtube width=”400″ height=”300″ video_id=”BgYi-fmi9tk”]Ralph entregou outras favoritas para seu círculo de amigos DJs, que incluía Paul Van Dyk, Paul Oakenfold, John Digweed, Sasha e Tong. Um DJ bem estabelecido por si só, Ralph viu o gênero subir conforme ele ia tocando para plateias cada vez maiores pelo mundo todo enquanto fazia turnê com Paul Oakenfold. E foi em turnê que Oakenfold tocou para uma plateia de 100.000 pessoas no estádio Wembley em Londres (abrindo para o U2), o qual Ralpha chama do momento de pico do Trance.
Então, como geralmente acontece, Trance foi levado. Se tornou mole e muito comercial, chegando a ficar cheio – como Ralph fala – de penetras. As plateias caminharam para o progressive house que emergiu da Suécia, enquanto o trance retornava para os picos undergounds como Goa, Telavive e Singapura.
Agora mais de duas décadas após sua primeira onda de popularidade, Trance está de volta. Novembro do ano passado a Insomniac estreou o seu primeiro show unicamente de trance, Dreamstate. O evento de dois dias teve seus ingressos esgotados em 4 horas, se tonando um dos eventos a esgotar mais rápido da história da Insomniac. O lineup misturou gerações es estilos, com Oakenfold, Van Dyk, Simon Patterson, Astrix e mais.
Dreamstate agora tem a possibilidade de se tornar uma das maiores marcas da Insomniac, com shows previstos em cidades por todo os Estados Unidos e além. EDC também terá um palco Dreamstate apresentando um dia somente de Trance apresentando seus maiores astros.
Confira a entrevista de Ralph para a Insomniac:
Quando você notou as primeiras sementes do ressurgimento do Trance?
Quando eu comecei na Insomniac, que já faz quase 3 anos, eu não conseguia entender porque nós não contratávamos nada de trance.
Não entendia porque o gênero é muito pessoal para você?
Sim, por que eu amo ele, mas eu também sentia que o dia que contratássemos um DJ de trance o feedback da galera seria o mais alto possível. Tipo, “Eu amo esse cara!” ou “Esse cara é uma merda, vocês deveriam contratar esse outro no lugar.”. Ele era, por volume de artistas, significantemente mais do que outros gêneros.
Quem são os fãs modernos de Trance?
A velha guarda – os vogorosos fãs que estão por lá desde sempre – vão apoiar o gênero onde quer que ele esteja. Existem também uma tonelada de gente nova. Um jovem que já foi o maior fã de Hardwell pelos últimos 5 anos pode mudar de direção e acabar caindo bem dentro de uma festa Dreamstate, porque é um tempo similar e o sentimento também.
Então você acredita que há semelhança entre a EDM e trance?
Exatamente, acredito que seja um passo simples para alguém que era um fã de verdade de EDM e está a procura de algo novo.
Você mencionou que todos na Insomniac ficaram surpresos com o quão rápido se esgotaram os ingressos do Dreamstate. Você atribui essa resposta ao que?
As pessoas estavam morrendo por isso. Eles estavam famintos por tanto tempo. Pensa nisso: Faz 10 anos desde que alguém tentou fazer algo como foi feito agora – até mais provavelmente. As pessoas que tinham 18 anos quando foram a um show de trance estão chegando aos 30 agora e ainda amam a música.
Você já recebeu algum feedback da velha guarda – van Dyk, Oakenfold esses caras – sobre como é pisar num evento onde o Trance mais uma vez é o foco?
Oakenfold e Van Dyk estão impressionados. Nós na verdade os transformamos nos embaixadores do Dreamstate. Eles são tão respeitados pelos fãs e colegas que nós decidimos que um ou os dois iriam tocar em todas as festas Dreamstate. Eles vão levar a marca.
Eu me lembro de assistir Oakenfold no Dreamstate ano passado; ele não tinha completo entendimento do que esperar. Eu estava de pé atrás dele no palco, e ele virou pra mim e disse, “Você acha que dá pra subir um pouco? ”, eu disse, “Paul, é uma festa de Trance caralho, mano! ”, ele se divertiu como nunca antes. Depois ele me disse que não tem chance de tocar dessa forma todo o tempo mais. A plateia estava com ele naquela viagem. Foi fantástico.
Qual a próxima geração de astros do trance?
John O’ Callaghan não é mais tão jovem, mas certamente é um nome forte. Bem Nick eu gosto. Jordan Suckley eu gosto muito. Do lado mais progressivo, Ilan Bluestone eu gosto muito. Eu gosto de Andrew Bayer. É muito bom agora, porque não é como nenhum outro gênero, onde você consegue listar 50 nomes. É uma comunidade pequena. Eu acredito que isso vai mudar conforme o som fica mais popular. Haverá mais DJs de trance, com certeza.
O trance continuará a se perdurar, agora que está de volta, ou é só uma onda?
Eu não acho que esteja de volta ainda. Eu acho que está no caminho de volta. Está próximo de estar de volta. Isso que é demais, assistir ele crescer. Pessoas estão ligando todas as semanas agora e perguntando, “Hey, podemos tentar colocar o Dreamstate?
Tradução: Edição TRANCEMAG//BR
Fonte: Insomniac website.